A hipocrisia do Sindicato dos Jornalistas
O Sindicato dos Jornalistas acha que "É absurdo que um órgão de informação tome uma posição colectiva sobre uma matéria deste teor" - o aborto é a matéria, e o orgão de informação a Renascença.
Pode parecer um desvio da imparcialidade do jornalismo, mas a verdade é que nenhum meio de comunicação em Portugal é imparcial numa matéria deste teor. Ao menos, a RR assume perante aqueles que informa para que lado tende. Ao contrário de muitos outros, que tendem para um lado ou outro e não o dizem. Bom, toda a gente sabe para que lado tende a RR, tal como toda a gente sabe para que lado tende, p ex, o DN.
Por isso é que acho que são hipócritas: é o comunicado que diz que a RR é contra o aborto que faz com que ela seja parcial? Ou é o que diz sobre o aborto que a torna parcial?
Eu acho que é o que diz. E por isso, o comunicado só tem um valor de testemunho.
E depois, isto é como no futebol: se sou do FCP, não vou ler a Bola, leio o Jogo; se sou do Sporting, leio diariamente o Record: cada jornal é totalmente parcial, e ninguém se queixa. Ou como na economia: se sou pró-Sonae na OPA da PT, não leio o Expresso; se gosto do Ulrich, leio o Expresso. E por aí fora.
Em resumo, se o Sindicato dos Jornalistas se preocupa em obrigar à informação imparcial, por favor, digam quais são as matérias em que um MCS se pode pronunciar colectivamente, e quais não, e depois verifiquem se os meios onde trabalham os seus membros se posicionam de facto ou não sobre essas matérias.