quarta-feira, maio 31, 2006

O novo estatuto da carreira docente

Normalmente desconfio da bondade das medidas tomadas pelo governo quando têm uma componente ideológica: é simples, eles pensam de forma diferente da minha.
No entanto, tenho uma ideia bem positiva da ministra da educação, pelo que fez, em concreto porque colocou os professores nas escolas durante o horário normal de trabalho de qualquer cidadão normal, e porque os concursos de colocação de professores terão uma validade plurianual.

O novo estatuto da carreira docente obriga-me a por em causa a ideia positiva que tinha da Senhora Ministra. Tal como se refere no Abrupto, o projecto é uma rendição às "Ciências da Educação", o que significa, por exemplo, que o mérito não é relevante e que a autoridade do professor fica posta em causa. Ou, como diz outro "Leitor do Abrupto", "A escola pública portuguesa, actualmente, não serve ninguém, porque transformou-se num centro de apoio social, de entretenimento e de guarda de crianças e jovens. (...) As “ciências” da educação dominam de tal forma a escola pública, que os professores com mais de 6 anos de experiência são obrigados a frequentar uma Escola Superior de Educação para assistirem e serem avaliados a disciplinas como: “Psicologia da Educação”, “Sociologia da Educação”, “Organização Curricular e Avaliação”; “Organização e Gestão Escolar” e finalmente aquela que realmente interessa: “Técnicas pedagógicas”. Para perceber ao ponto a que isto chegou, raramente é leccionada qualquer aula nas quatro disciplinas acima referidas, os alunos é que as leccionam...! Justificação? A legislação está sempre a mudar...!"

Estes comentários têm uma resposta, dentro do mesmo post, que termina dizendo que "Se as ciências da educação em Portugal foram tão más para o Ensino, então porque está a população em geral muito mais bem formada? Proventura esquecem-se as pessoas do que era o ensino no anos 70 e anteriores, da quantidade de pessoas que simplesmente saia do sistema ou era deixada para trás... E que hoje estão na escola. Comparar os poucos (e éramos poucos) que conseguiam prosseguir no sistema de ensino com a globalidade da população que o faz hoje é não apenas cegueira, mas muito perigoso." Ora bem, penso que a população em geral está muito mais informada - e não mais bem formada - e a sociedade nos anos 70 e antes era muito diferente, muito mais rural e com muito menos alunos nas escolas. É demagógico comparar Portugal dos anos 1960 com Portugal dos anos 2000, o que interessa é saber se o caminho que a educação vai tomar é o correcto ou não.

Uma última nota: gostava de saber qual é a posição do Pacheco Pereira sobre este assunto. Não consegui encontrar no blog. Será que a disse em algum lado?

segunda-feira, maio 29, 2006

Farmácias

Para quem quiser saber o que vai mudar no funcionamento das farmácias.
Se gostar mais também pode ir directamente à fonte.
Sinceramente, gostava de ter assistido às negociações entre este e estes.

sábado, maio 27, 2006

SIC Mulher

Sim, é verdade, eu admito, vi um bocado do concerto da Shakira. Depois desta confissão pública, posso começar a descrever aquele que foi um dos piores momentos de jornalismo (?) televisivo a que já assisti.
A (pseudo?) jornalista ter-se-à esquecido de que se tratava de uma emissão à escala nacional, porque tinha a postura de uma adolescente semi-histérica em frente à câmara do paizinho, que ouvia, embevecido, os disparates que o seu adorado rebento pronunciava sem cessar. No momento em que a menina passa o microfone para as mãos do entrevistado (que poderia passar pelo irmão igualmente adolescente que só pensa nas ancas da Shakira (e respectivo movimento, insistentemente referido)) e começa a emitir uns sons que se poderiam assemelhar, ainda que remotamente, a uma música, acompanhados por um tipo de movimento que não consigo catalogar, mas que se aproximava, sem dúvida, de um ataque de formigas, pensei que ía ouvir "Ai paizinho...", qual Beatriz Costa dos seus tempos áureos. A história piorou, quando se juntaram mais duas amigas, perdão, jornalistas (?...) igualmente "divertidas".
Fica ainda a transcrição de algumas das frases absolutamente geniais (o top 4 da noite):

  • Tenho uma inconfidência a cometer, que vocês vão ver amanhã
  • Vocês deviam de comprar a pulseira
  • A Shakira, ela própria / O JQ, ele próprio
  • Nós estamos aqui ela está lá

E tudo isto porque a Shakira, "ela própria", nunca mais entrava em cena.

sexta-feira, maio 26, 2006

Dúvida

E se o pé (ou joelho, já vi as duas versões) do Bruno Vale estiver mesmo avariado?

Timor II

(sobre a chegada das tropas australianas) "Eu entendo que não houve outra saída. Calculo que tenha sido uma decisão difícil para os governantes. De quem virá salvar-nos esta força? De nós próprios? (...) Dentro de mim, alguns sentimentos contraditórios. Por um lado, alívio. Por outro, uma profunda tristeza (...). Como dói ter de admitir a nossa incapacidade de fazer a paz, de viver em paz. Como dói, passados quatro anos de uma independência conseguida à custa de tanto sangue, tanta lágrima, ter, talvez, de dizer adeus soberania de Timor-Leste!"

Maria Ângela Carrascalão, em Díli
Peço desculpa, mas não resisto a imitar o Euronews: "No comments".

quinta-feira, maio 25, 2006

Eleições na RDC

"In a tense run-up to elections due on July 30th, the government has told politicians in the Democratic Republic of Congo that they should not have more than 25 bodyguards each.", diz The Economist.

Poetas e filósofos

Depois do Poeta Ricardo, o Filósofo Deco: "O objectivo da selecção é fazer o melhor possível."

Coitado do Basílio Horta

O primeiro sinal para a sua substituição por incompetência já foi dado: "O ministro da Economia e Inovação reafirmou hoje a confiança política no presidente da API".

O próximo passo é ele amanhã vir dizer que, claro, o senhor ministro sabe que o meu lugar está sempre à disposição, mas que lógicamente estamos todos a fazer um bom trabalho e (...). Uma semana depois um deputado do partido da maioria (que não é o do BH) virá dizer que ele até é um bom presidente da API, mas que faz falta uma maior ambição e juventude. Começa-se a falar de nomes - algum do PSD, alguns do PS (competentes), todos para queimar - e, duas semanas depois, sabe-se pelo Expresso que afinal quem vai ser o novo Presidente da API vai ser um boy.

Até me diverti a escrever isto, mas espero sinceramente que não aconteça.

Ainda os salários da FP

Se é verdade que "O salário médio real da função pública tem vindo a desvalorizar-se nos últimos anos, sobretudo ao nível dos quadros técnicos, afirma um estudo a apresentar no congresso do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado", e que "o nível médio de remunerações na função pública situava-se 50% acima do sector privado em 2003", e que o nível médio de remunerações na função pública se situava 20% acima do sector privado em 1995 (Público de hoje, estou a citar de memória), então estamos numa situação em que o salário dos privados caíu de uma forma enooorme!

Cada um apresente os estudos que quiser, mas, por favor, apresentem resultados que estejam de acordo com a realidade!

Salários da Função Pública

Hoje li que - apesar de me parecer um exagero - 90% das pessoas com qualificações superiores trabalham para o Estado, e por isso é que os salários são 50% mais altos do que os do privado.

É verdade que os professores (primérios, do secundário, universitários), que os médicos e que os juízes trabalham, na sua grande maioria, para o Estado. E que as autarquias e DGs ocupam uma parte significativa dos arquitectos e dos engenheiros. Mas..., será que é razoavel que a grande maioria das pessoas que tira cursos superiores queira ir trabalhar para o Estado? Não terá mais lógica que, em média, qualquer um de nós tenha mais ambição do que trabalhar para uma instituição que - segundo o princípio da subsiariedade - tem essencialmente uma função supletiva? Acredito que haja uma percentagem de cidadãos que tenha vocação para trabalhar para o Estado, mas não me parece que seja tanta gente assim.

Qual Camões, qual quê...

"Estou muito feliz por tornar alguém feliz"

Ricardo, guarda-redes da Selecção Nacional

Timor

A crise que Timor atravessa é, na minha opinião, preocupante. Espero que isto e isto consigam trazer de novo a calma. Porque já chega de confusão.

OJE

No fundo, no fundo, aguarda-se com expectativa o lançamento do OJE. Não sabíamos era que este andava

"À conquista das mulheres
"Pretendemos acrescentar mercado e não roubar leitores aos jornais económicos existentes. Quem lê o ‘City AM’ não deixou de ler o ‘Financial Times’. O jornal conseguiu captar outros leitores. É isso que pretende o título português. Ir ao encontro de públicos não habituais, em especial, das mulheres. "Os jornais económicos escrevem muito para os homens", afirmou Álvaro Mendonça."

Da parte que me toca, agradeço a preocupação. Mas não sei se será assim tão fundamentada. Por favor, Caras, Lux e companhia já temos de sobra... Será que no OJE em vez de anúncios de carros, vamos ter anúncios de roupa carérrima? Ou em vez de relógios fabulosos vamos ter anúncios da panela Bimbi?... Se não é à publicidade que se estão a referir, então a que é? Aguardo desenvolvimentos.

Produtividade e salários

"Os funcionários portugueses são dos que estão melhor cotados quando comparados com as remunerações auferidas pelo sector privado. Os seus salários médios superam aqueles em cerca de 50%."

Relembrem-me, por favor... O salário não devia ter algum tipo de relação com a produtividade?

quarta-feira, maio 24, 2006

Prémio Camões 2006

Na sequência da reinvenção da língua portuguesa, chega-nos agora a notícia de que Luandino Vieira rejeitou o Prémio Camões 2006. Será que no fundo, no fundo, até tinhamos razão?...

terça-feira, maio 23, 2006

Sobre a PMA

A Dra Maria de Belém teve uma tirada absolutamente genial:

"Acho que estamos a falar de matérias muito técnicas que não devem ser sujeitas a referendo. Mesmo nós, deputados, antes de de produzirmos este texto final ouvimos muita gente, muitos especialistas, que nos ajudaram a esclarecer dúvidas."

A fazer lembrar a Edite Estrela, quando dizia que não se pode deixar nas mãos do povo a decisão de assuntos tão importantes.

(via Incontinentes verbais)

sexta-feira, maio 19, 2006

A reinvenção da língua portuguesa

O maior erro de casting do governo explicou que o prémio Camões deste ano foi para o Luandino Vieira, porque ele "teve um papel fundador na reinvenção da língua" (portuguesa).
Ok, não ponho em causa o mérito do escritor angolano - não conheço. Mas, dizer que ele reinventou o português é bastante ridículo. Em geral, penso que os júris - e os ministros - deviam ser mais ponderados nos encómios aos vencedores dos prémios. Em concreto, neste caso, não tenho dúvidas de que devia ter havido mais containment (será que se pode dizer contenimento? será que estaria, na linha de Luandino, a reinventar a língua?) nas palavras.

quinta-feira, maio 18, 2006

Oscar Wilde

Algumas frases interessantes do Oscar Wilde:

Después de todo, ¿qué es la moda? Desde el punto de vista artístico una forma de fealdad tan intolerable que nos vemos obligados a cambiarla cada seis meses.

Los músicos son terriblemente irrazonables. Siempre quieren que uno sea totalmente mudo en el preciso momento que uno desea ser completamente sordo.

Tengo gustos simples. Me satisfago con lo mejor.

Detesto la vulgaridad del realismo en la literatura. Al que es capaz de llamarle pala a una pala, deberían obligarle a usar una. Es lo único para lo que sirve.

Es absurdo dividir a la gente en buena y mala. La gente es tan sólo encantadora o aburrida.

La diferencia entre literatura y periodismo es que el periodismo es ilegible y la literatura no es leída.

Hay mucho que decir en favor del periodismo moderno. Al darnos las opiniones de los ignorantes, nos mantiene en contacto con la ignorancia de la comunidad.

Se puede admitir la fuerza bruta, pero la razón bruta es insoportable.

Matar es una estupidez. Nunca debe hacerse nada de lo que no se pueda hablar en la sobremesa.

Las tragedias de los otros son siempre de una banalidad exasperante.

Que un hombre muera por una causa no significa nada en cuanto al valor de la causa.

No voy a dejar de hablarle sólo porque no me esté escuchando. Me gusta escucharme a mí mismo. Es uno de mis mayores placeres. A menudo mantengo largas conversaciones conmigo mismo, y soy tan inteligente que a veces no entiendo ni una palabra de lo que digo.

(Peço desculpa, mas tive preguiça de traduzir do castelhano.)

terça-feira, maio 16, 2006

BBC enganou-se no entrevistado (3ª ed)

Neste filme, vê-se um congolês a fazer de especialista em TIs. O homem estava no hall da BBC para uma entrevista de emprego, e a produção do programa pensou que ele seria o entrevistado sobre download de ficheiros na net. A cara do homem ("Big surprise!") é fantástica!

domingo, maio 14, 2006

Scolari

"Se Scolari prefere fazer uma equipa com "vacas sagradas", então devia treinar a India..."

Está certo que a questão do Baía até pode ser uma pancada minha (se bem que convocar o Bruno Vale me pareça demasiado... prepotente? arrogante? espero estar enganada), mas que há alguma objectividade em relação ao Quaresma, há...

sexta-feira, maio 12, 2006

Tom Hanks sobre o Código Da Vinci

Do site da BBC:

The actor told London's Evening Standard newspaper the film was loaded with "hooey" and "nonsense".

"If you are going to take any sort of movie at face value, particularly a huge-budget motion picture like this, you'd be making a very big mistake."

Como é? Então agora o Tom Hanks é o cabeça de cartaz (literalmente) de um nonsense? Será que o filme é do género dos Scary Movie?

Student work output

Na continuação do SI

Fonte: PhDComics

Quem dera

O RAF diz que "Manuel Maria Carrilho, hoje, morreu para a política". Mas a verdade é que elogios do tipo do que o editor de política da SIC - veementemente atacado no livro! - hoje faz no Diário Económico não me deixam acreditar que nunca mais verei a cara do MMC nas páginas da política dos jornais.

SI - Síndrome investigativo

Efeitos: Impede todo e qualquer tipo de boas ideias para postar
Duração das crises: variável, inversamente proporcional aos dias que faltam até ao fim do prazo
Possibilidades de cura: reduzidas... exige muito apoio e compreensão de família e amigos
Tratamento: desconhecido (o copy-paste já deu o que tinha a dar)
Choques que podem despoletar crises agudas e de efeito imprevisível:

  • toda e qualquer pergunta do tipo "Falta muito?", "O que é que fazes além disso? Onde é que trabalhas?", "Ah... É esta a tua grande descoberta?...", "Por esta altura já tens tudo escrito, não?" ou ainda "O quê, ainda só fizeste isso?!"
  • alterações de deadline
  • dias sucessivos de sol abrasador
  • convites para jantar, almoço, lanche, café, laranjada

segunda-feira, maio 08, 2006

Instinto maternal

Ontem, o Telejornal da RTP1 terminou com uma reportagem que negava a existência do instinto maternal: depois de entrevistar um conjunto de mães a explicar o que é, entrevistavam um tipo com ar professoral que explicava que uns estudos recentes demonstravam que não existe tal coisa. E uma Professora do ISPA explicava que os homens têm as mesmas reacções hormonias que as mulheres quando pegam num bébé ao colo. E que, por isso, não pode haver instinto maternal. Brilhante!
A defesa da igualdade entre homens e mulheres - que é de saudar - perde credibilidade qunado se defendem coisas tão estúpidas. Porque não, na linha destes dois "sábios", propor que se deixe de falar de Homem e de Mulher, já que são a mesma coisa, e usar um único termo comum?

Exames a embriões

O watchdog da fertilidade no Reino Unido recomendou que se fizessem testes aos embriões de pais com certas propensões geneticamente cancerígenas. Ora bem, estes testes, cientificamente avançados, são uma forma inaceitável de "limpeza genética":

Josephine Quintavalle, director of the group Comment on Reproductive Ethics, said: "PGD is currently nothing more than a weapon of destruction, aimed at the ruthless elimination of any embryo which does not conform to eugenic concepts of perfection.

"Given the permissive track record of the HFEA, it is hardly surprising that we now see them recommending the inclusion of lower penetrance cancer susceptibility on the growing hit list of undesirable genetic conditions to be put to the test.

"What should really be under the axe is not the unfortunate embryo but the HFEA itself, which has neither the moral training nor expertise to make these decisions on behalf of a just society."

Rachel Hurst, of Disability Awareness in Action, said: "If you say that it's OK to say that you can eliminate embryos which would lead to disabled people, you're saying that disabled people are not people.

"And you're saying that their quality of life is not worth living, which is discriminatory and extremely prejudicial."

sexta-feira, maio 05, 2006

quinta-feira, maio 04, 2006

Eu admito...

... que estou mortinha por ver isto! Finalmente chegou o 04.05.06!