O novo estatuto da carreira docente
Normalmente desconfio da bondade das medidas tomadas pelo governo quando têm uma componente ideológica: é simples, eles pensam de forma diferente da minha.
No entanto, tenho uma ideia bem positiva da ministra da educação, pelo que fez, em concreto porque colocou os professores nas escolas durante o horário normal de trabalho de qualquer cidadão normal, e porque os concursos de colocação de professores terão uma validade plurianual.
O novo estatuto da carreira docente obriga-me a por em causa a ideia positiva que tinha da Senhora Ministra. Tal como se refere no Abrupto, o projecto é uma rendição às "Ciências da Educação", o que significa, por exemplo, que o mérito não é relevante e que a autoridade do professor fica posta em causa. Ou, como diz outro "Leitor do Abrupto", "A escola pública portuguesa, actualmente, não serve ninguém, porque transformou-se num centro de apoio social, de entretenimento e de guarda de crianças e jovens. (...) As “ciências” da educação dominam de tal forma a escola pública, que os professores com mais de 6 anos de experiência são obrigados a frequentar uma Escola Superior de Educação para assistirem e serem avaliados a disciplinas como: “Psicologia da Educação”, “Sociologia da Educação”, “Organização Curricular e Avaliação”; “Organização e Gestão Escolar” e finalmente aquela que realmente interessa: “Técnicas pedagógicas”. Para perceber ao ponto a que isto chegou, raramente é leccionada qualquer aula nas quatro disciplinas acima referidas, os alunos é que as leccionam...! Justificação? A legislação está sempre a mudar...!"
Estes comentários têm uma resposta, dentro do mesmo post, que termina dizendo que "Se as ciências da educação em Portugal foram tão más para o Ensino, então porque está a população em geral muito mais bem formada? Proventura esquecem-se as pessoas do que era o ensino no anos 70 e anteriores, da quantidade de pessoas que simplesmente saia do sistema ou era deixada para trás... E que hoje estão na escola. Comparar os poucos (e éramos poucos) que conseguiam prosseguir no sistema de ensino com a globalidade da população que o faz hoje é não apenas cegueira, mas muito perigoso." Ora bem, penso que a população em geral está muito mais informada - e não mais bem formada - e a sociedade nos anos 70 e antes era muito diferente, muito mais rural e com muito menos alunos nas escolas. É demagógico comparar Portugal dos anos 1960 com Portugal dos anos 2000, o que interessa é saber se o caminho que a educação vai tomar é o correcto ou não.
Uma última nota: gostava de saber qual é a posição do Pacheco Pereira sobre este assunto. Não consegui encontrar no blog. Será que a disse em algum lado?