É hoje!
Sou do tempo em que a Feira do Livro era na Rotunda (a da Boavista, claro), sujeita às intempéries de Maio (que não são novidade, como toda a gente sabe mas insiste em esquecer) e aos humores do exigente público portuense.
A Feira do Livro era um dos acontecimentos do mês e do ano. Sabíamos o dia em que começava com meses de antecedência, e a ida era preparada ao pormenor. À entrada, uma nota para a mão, e "Podes escolher o livro que quiseres." A decisão era difícil, e ainda mais difícil conter o impulso de comprar o primeiro livro da primeira barraquinha! A noite passava-se entre as páginas recheadas de estórias e de história, de editora em editora, a ver, folhear, cheirar, comentar... "Pai, este livro é bom? E aquele outro? E mais este?..." De vez em quando, um brinde! Um mapa, um cartaz, um lápis ou uma caneta. À hora de fechar, os livros pesavam nos sacos de papel ou de plástico, "os meus, os teus, os nossos". Na (curta) viagem para casa uma pequena guerra para decidir quem lê o quê primeiro. E para o ano há mais.
1 comentário:
Não tenho a certeza se a perda da magia da feira do livro foi por passar a ser possível encontrar todo o ano livros a preço mais baixo (por exemplo na fnac), ou se, como me parece, foi exactamente por quererem evitar as intempéries de Maio, transportando a feira para um recinto fechado - chamem-me masoquista, mas andar a passear pelas barraquinhas sem saber se nos ia começar a chover em cima a qualquer momento tinha outra piada...
Enviar um comentário