O século da indiferença
Contaram-me o caso de uma doente que anda a ser "chutada" de serviço em serviço, e agora de hospital em hospital, por ter deixado de ser autónoma (tem cerca de 40 anos). Tudo "normal", na sociedade que temos. O problema maior é que esse "normal" inclui uma "família" de 5 irmãos que simplesmente não querem saber. E mais uns quantos "familiares" que também não querem ter chatices.
Pergunto-me de onde nasce esta indiferença. Nas últimas décadas somos bombardeados com informação, com imagens chocantes, cenários de guerra, guerra propriamente dita, catástrofes, destruição, etc. Começo a acreditar que isso nos faz viver numa espécie de filme em que tudo nos é indiferente. Todos os dias sabemos de mais 50 mortes aqui, mais 70 feridos ali, mais 30 desaparecidos acolá.
O problema é que com isso até consigo viver (relativamente) bem. Objectivamente, não me afecta. Tenho pena que estas coisas aconteçam, mas de facto não me dizem respeito. A grande diferença em relação ao passado é que agora vamos sabendo o que os media querem que saibamos do que se passa no Mundo.
O que me parece mais grave é que esta indiferença nos entre pela casa dentro. Quando os valores da família passam a ser as férias no Hawai, o BMW ou o peeling daqui a 20 anos, não há sofrimento que consiga comover quem quer que seja.
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